20/10/2018

EM MOIMENTA DA BEIRA, UMA DESPEDIDA

A vida ensina-nos a despedirmo-nos das pessoas que estiveram nas nossas vidas, guardando-as na memória. A elas, aos momentos e aos lugares que com elas partilhámos.
Esta ida a Moimenta que aqui registo foi  isso mesmo: o nosso adeus a uma irmã do meu pai, revisitando memórias comuns.
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E porque este ano se celebra o centenário da primeira edição do livro 'Terras do Demo' de Aquilino Ribeiro, deixo aqui ainda esta nota:
"Para o amigo Dias ler no remanso da lareira"
Era a dedicatória para o meu avô escrita por Aquilino Ribeiro, não no livro 'Terras do Demo', mas numa tradução/adaptação sua do D. Quixote. Dadas as vicissitudes da vida e da casa que foi dos meus avós em Moimenta, nunca mais vi essa obra, de que, ao que parece, muito pouca gente na família se lembra. Mas eu, nos anos que lá passei, tive tempo para clandestinamente ler um a um os livros que se encontravam nos armários do escritório do avô. Lembro-me bem deles.
"Do demo" são as terras da minha infância e parte da adolescência. Quase nasci na terra do Aquilino, Sernancelhe (quando se aproximavam as datas dos partos, a minha mãe ia para casa da minha avó materna e assim, eu e a minha irmã nascemos no Fundão) mas lá vivi e fiz a escola primária: a "minha escolinha", que agora é a biblioteca municipal e que partilhei com as vítimas de todos os demos e daquelas terras de pedras e pobreza, com histórias de miséria geração após geração.
Parte da adolescência é em Moimenta da Beira que a passo e se de lá saí há muito, a verdade é que as "terras do demo" nunca sairão de mim.
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