21/04/2020

SEMPRE À MÃO TENHO AGORA UM TERMÓMETRO

 E O COMPUTADOR ABERTO NAS NOTÍCIAS DO DIA               .
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Ganhei coragem e, para memória futura, vou aqui registar os gestos após Covid 19 a que passei a obrigar-me, não distinguindo entre os que se justificam plenamente e aqueles sobre os quais há dúvidas. Nem sequer escondendo os que sei de antemão que me irão parecer completamente ridículos num futuro que desejaria que fosse próximo. Afinal é também desses complicados procedimentos, ou especialmente desses, que se fazem agora os meus dias.
Sair para fazer compras exige preparação e todo um conjunto de cuidados novos. Saliento que não encontrei até agora luvas descartáveis e  não usei ainda máscara. As luvas alterarão alguns dos cuidados a que me obrigo, a máscara não. 

À saída:
Vestir um casaco que, ao chegar, despirei no patamar das escadas exteriores da casa e onde o manterei depois por 48 horas pelo menos;
Colocar num dos bolsos o cartão multibanco e noutro alguns lenços de papel, ao pé do frasco de álcool gel;
Levar o telemóvel, que pode vir a ser preciso, mas saber que o deixarei no carro, não entrando com ele na mão em nenhum dos espaços a que tenha que me deslocar, por não saber como poderei depois tratar da sua adequada desinfeção;
Calçar os sapatos no patamar e deixar aí o calçado de andar por casa;
Pegar em dois ou três sacos de compras que mantenho fora de casa e sair.

Nas compras:
Usar um dos lenços que meti no bolso para com ele, se não houver ninguém a fazê-lo à minha frente, desinfetar o carrinho de compras que usar;
Evitar manusear os produtos sempre que isso seja possível e escolher preferencialmente os que estejam já embalados;
Não tocar, em qualquer circunstância, com as mãos na cara durante todo o tempo em que estiver a fazer as compras e até poder lavá-las ou desinfetá-las novamente;
Evitar a todo o custo cruzar-me no mesmo corredor com outros clientes;
Manter uma distância de pelo menos 2 metros entre mim e as outras pessoas nas filas para pagamento;
Usar um novo lenço para proteger as mãos ao tocar nas teclas do multibanco no momento de pagar e deitá-lo imediatamente fora, como terei feito com os usados anteriormente;
Arrumar as compras, recolocar o carrinho no lugar e desinfetar novamente as mãos com álcool gel antes de entrar no carro.

No regresso a casa:
Colocar os sacos de compras no patamar exterior da casa;
Despir o casaco que usei, deixando-o aí, e trocar de calçado;
Retirar uma a uma as compras de dentro dos sacos, lavando tudo o que seja possível lavar com água e lixívia;
Quando os sacos ficarem vazios, dependurá-los ao ar, fora de casa;
Arrumar tudo, desinfetar a bancada onde pousei as compras e lavar novamente as mãos;
Mudar de roupa e colocar  no estendal exterior a que não seja para lavar imediatamente e lavar uma vez mais as mãos.

Dentro de casa, quando não tenho compras a fazer, o dia decorre de uma forma relativamente normal, entre as tarefas domésticas -especialmente a cozinha, como já escrevi num post anterior- e as do jardim nos dias de sol. Mas o computador aberto em sites de notícias e no twitter tornou-se uma constante, bem como as anotações das flutuações dos números e do humor, numa agenda anual.
E se, por acaso, sentir algumas dores de cabeça -o que é comum em estados de tensão- ou as dores musculares e reumáticas que me são habituais se agravam, vigio de imediato a temperatura, não vá o diabo tecê-las...
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Apesar de tudo, estou a adaptar-me a este novo (a)normal. E até já consigo adormecer sem a insuportável angústia inicial, embora acordar a meio da madrugada se tenha tornado recorrente. Bem longe, porém, das manifestações de ansiedade de quem se sente completamente incapaz de lidar com a situação e que têm vindo a  preocupar as autoridades de saúde nacionais e internacionais.
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